Pular para o conteúdo principal

Impressões Digitais – Somos todos Livros e Escritores



Somos todos livros a serem escritos, somos todos papéis branco, somos todos escritores. Mas o que fazemos com isso?

Nunca tivemos tantos palcos, tantas plataformas, picadeiros. E vivemos tão apressados, exagerados, impulsivos. Nunca fomos tão superficiais, palhaços, egoístas, procurando espelhos ou elogios em círculos restritos e ocos. 

Inseguros e sem verdadeiras certezas, fugimos da contradição e do inesperado, repetimos sem criar, divulgamos sem contestar.

Nunca fomos tão parecidos e não únicos. Jamais tivemos tanta informação a nosso dispor e ainda assim somos engolidos diariamente por uma avalanche de mídias e mensagens. Sabemos tudo e não sabemos nada.

Somos mais lidos, decifrados, investigador e consumidos pelos sistemas do que o contrário. Os softwares e aplicativos silenciosamente negociam nossa alma e manipulam nossos desejos.

Lemos de forma salteada e desconcentrada. Publicamos mais do que conversamos, preferimos mais falar do que escutar, gravar do que escrever, mandar recados do que encontrar.  

Somos menos e achamos que somos mais. Não temos humildade nem paciência. Temos muita pressa e medo de perder coisas, valores, aparências e cargos.

Vivemos na cultura do sucesso e da exuberância onde fracassos não podem existir. Onde fracos não podem resistir, tímidos não podem se isolar, estranhos não podem se mostrar.

Somos o que escrevemos e falamos. Mas somos muito mais o que não ousamos ou tentamos. Estamos mais passando em branco do que produzindo conteúdo de valor, vidas e textos que possam significar alguma coisa.

Ainda podemos mudar o futuro e escrever outra história. Precisamos pensar e elaborar mais, escrever e reescrever, lapidar o texto. Fazer com calma um trabalho de artesão. 

O sucesso pode ser a maior armadilha de quem mergulhou de cabeça nas palavras e na ficção.
Saber escrever nunca terá uma resposta adequada e final. Criamos para procurar, perguntar, para ter certeza da dúvida.

Na era digital em que tudo desaparece rápido no ar.
- Somos todos escritores - de um futuro em branco.

O que vamos Escrever?

Postagens mais visitadas deste blog

As Pequenas Grandes Qualidades do Twitter

Tudo tem sua forma e tamanho e proporção, conforme o ângulo, o olhar e o ponto de vista. Vejo o  twitter como algo efêmero e surpreendente. Sempre gostei dele por ser pequeno e grande. Por ser rápido, e na maioria das vezes,  sincero. E mesmo nos seus limites de 140 caracteres, dá e sobra para expressar sentimentos de todos os tamanhos. Ele pode ser tipo um fogo de artifício no meio da noite.  Pode ser também um suspiro após um longo vazio ou tristeza. Pode ser como uma lágrima brotando de repente no canto do olho . Ou uma risada solta, do nada, espontânea.  Pode ser também um grande eco, quando é instantaneamente repetido e retuitado por centenas ou milhares e pessoas. Nem sempre pela mesma razão ou causa. Às vezes se fala besteira mas faz parte. Mas quem diz assina e não pode voltar atrás. Ele é sempre mobilizador e provocativo, viral, barulhento. Como se alguém dissesse naquele momento exatamente o que a gente gostaria de dizer. O Twitter acre

NARCISO E OS ESPELHOS SOCIAIS

Diz a lenda que Narciso era um jovem muito belo mas que não se sentia atraído por ninguém. Um dia ao debruçar-se sobre o lago apaixonou-se pela própria imagem. Não conseguiu mais parar de olhar seu reflexo e acabou morrendo assim. Em tempos de mídias sociais multiplicamos nossa imagem em sofisticados espelhos. Nossas fotos  povoam o facebook e instagram, nossos comentários e opiniões espalham-se pelo twitter e outros programas de mensagem instantâneas. Nossos diários ocupam blogs, qualquer vídeo pessoal pode chegar ao youtube ou vimeo e alcançar milhares ou milhões de pessoas. Já compartilhamos álbuns e imagens pessoais mais na web do que na vida real. Como se nos dividíssemos em múltiplas personalidades. O que sobra da identidade original de alguém que a torna pública e cuja vida digital ultrapassa a real? Quem domina o verdadeiro alter ego? Como concorrer com avatares de centenas ou milhares de amigos e relacionamentos que não param de crescer e multiplicar? Corremos o r

Voltando às origens

Nos últimos anos temos visto grandes empresas sumirem do mapa, algumas com décadas de existências ou centenárias, assim como profissões que se extinguem ou então passam por mudanças radicais.  Isso leva a uma grande questão que vale para empresas e profissionais, no que se refere à identidade, valores e proposta de vida. As empresas tem algo a ver com as pessoas e vice-e-versa. Lá no fundo de nós existe uma semente inicial, que é ao mesmo tempo nossa verdade e o motor que nos impulsiona todos os dias. Mas em alguns momentos nos perdemos desta referência. Neste processo podemos simplesmente sair da estrada e demorar para retomar o caminho.  Quando os tempos são acelerados ou após muitas mudanças de curso isto talvez fique ainda mais complicado. O banco do qual sou cliente já mudou de marca três  vezes nos últimos anos e continua no mesmo lugar. Alguns dos funcionários ou gerentes ainda conheço.  Não posso deixar de imaginar e tentar entender em tempos como