Olhando uma certa imagem, lembrei que este era o ano do cavalo.
Talvez por isso tenho sentido tanta vontade de correr loucamente, de sair por aí em disparada.
E também um desejo forte de fazer tantas coisas, com uma energia que parece inesgotável.
Afinal, o que move um cavalo para disparar loucamente pelos campos?
Será em busca de algo que nem mesmo ele sabe direito?
Tentando correr mais do que si próprio...
Ultrapassando seu próprio coração, seu próprio destino.
O sangue quente batendo como chicote por todo o corpo, pedindo para acelerar mais e mais.
Os olhos nervosos do cavalo só se fixam em um horizonte distante.
Fungando pelas narinas ele respira um ar maior que a boca, que o pulmão.
Lavando a alma pelos poros com suor, chuva e lama.
Não existe quem realmente cavalgue este animal. É uma força sobrehumana que galopa solitariamente.
Um impulso selvagem além de qualquer pensamento.
Cascos cobre cascos.
Um rastro de cansaço e esgotamento, uma sensação indescritível de continuar a qualquer preço.
O que mais pode um cavalo além de continuar correndo?
Ninguém sabe adivinhar sua direção ou o motivo de sua angústia.
Nem importa, o que vale é a próxima curva ou ponte.
Seja uma encruzilhada ou obstáculo, é preciso seguir em frente.
O despojamento de qualquer emoção está no coração disparado e em um corpo que quase voa sobre o chão.
Quanto mais acelerado, mais a vida parece passar em câmara lenta.
Para isso, basta o vento e a corrida.
Puro sangue, puro movimento.
+Roberto Tostes