O melhor texto ou ideia é aquele que nos surpreende, pelo qual não estávamos esperando, e que surge de repente, do nada.
Não importa se levaram dias ou meses, mas ao voltar a escrever de novo, a sensação de fazer e produzir algo é muito boa. Quanto mais inesperado, melhor.
Um texto é um certo tipo de abrigo, algo que construímos para guardar coisas. Elas podem vir de uma emoção, de uma lembrança, de um devaneio ou esperança. De algo que vimos ou de um vazio ou angústia que nos invadiu em algum momento.
Ele será sempre um espaço de criação único e intenso. Ver as palavras, frases e ideias fluindo numa explosão nos faz sentir mais vivos, mais presentes.
Esta necessidade de dizer algo a outra pessoa ou para nós mesmos é tudo que importa neste momento.
Mesmo que a gente não conheça quem vai nos ler ou decifrar. Se ela e outros esbarrarem neste texto em algum canto ou lugar e perceberem pelo menos a intenção de quem disse e sentir parte de sua emoção naquele momento, então a função primordial de comunicação e mensagem já estará cumprida.
Esta sensação de criar e fazer é na verdade algo muito mais simples do que imaginamos. Assim como a de um músico tocando seu instrumento e escolhendo notas, do pintor mexendo um pincel na tela, de um escultor achando o caminho da figura em uma pedra ou metal ou do barro se moldando numa forma pelas mãos.
A arte nasceu para ser simples e não complexa. Somos todos criadores e criaturas, personagens e atores da nossa própria história.
Neste momento que produzimos algo, transcendemos um pouco nosso ser e de certa forma encontramos um grande vazio, mas é nesse mesmo vácuo que passamos a ser algo mais, além do limite, das bordas, dos precipícios, dos estereótipos em que nos enquadraram ou na armadilha dos nossos medos.
Quanto mais longe e para fora de nossas realidades nos arriscarmos, mais humanos e perto de alguma verdade estaremos.
Escrever é arriscar sempre. Seja na ficção, em blogs, artigos, diários, mensagens, de alguma forma promovemos um encontro às cegas com algo nosso profundo , interno, bruto, intenso..
A escrita é a janela que nos tira de dentro e que nos transforma em algo melhor e visível lá fora.
Para escrever nunca foi necessário hora marcada e nem mesmo inspiração.
Inesperadamente, com dor ou prazer, sempre estaremos prontos para um novo texto.
Escrevendo ou não, as palavras novamente chegarão, independente de nossa vontade.