Pular para o conteúdo principal

Viajamos para Voltar

Quando  viajamos descobrimos uma energia extra e acabamos fazendo muito mais coisas do que costumamos fazer. Andamos, sorrimos mais, comemos mais atentos, olhamos com mais atenção, ficamos mais simpáticos, parecemos mais bonitos.

Descobrimos coisas novas e nos descobrimos mais vivos do que nunca. Queremos mais e intensamente desfrutar de todos os momentos. 

Quem viaja abre mais os olhos, o coração e a alma para o inesperado. Enfrentamos melhor o desconhecido, nos aventuramos mais e aceitamos melhor pessoas desconhecidas, o inesperado e o acaso.
As viagens nos excitam e nos movem. Nos aceleram no tempo e espaço e assim mesmo um dia parece imenso.

E mesmo assim sempre voltamos com a sensação de algo que não pudemos fazer ou esquecemos.  Porque viajar é ver como o mundo é vasto e complexo.

Cada cidade tem sua identidade, seu cheiro, sua luz, seu ritmo. Cada lugar tem suas pessoas e seu jeito, sua voz e sotaque.

Vamos pisando nestas terras, respirando seu ar e nos misturando com essa massa viva de coisas, pessoas, ambiente.

Não deixa de ser uma espécie de sonho. Mas acordamos a todo momento sentindo algo mágico no ar. Mesmo coisas simples como uma pedra, uma folha, uma  simples cena pode nos tocar a alma.

As imagens na viagem são quase quadros vivos que queremos capturar e levar conosco.
Viajamos para voltar a enxergar detalhes que deixamos de ver no dia a dia.

Viajamos para descobrir realmente as coisas que gostamos, ou o que nem sabemos, enfim aquilo que nos move a enfrentar distâncias, ônibus, carros, trens, obstáculos, filas, chuva, contratempos, tudo apenas para chegar e colocar os pés em algum lugar que nunca pisamos antes.

Viajamos para esquecer de nossos problemas. Viajamos também para fugir de nós mesmos e darmos um tempo em tantas tensões, angústias e pensamentos.

Esticar a corda, superar os limites, desencavar coisas escondidas, estar aberto a mudanças. 
Nas viagens toda e qualquer terra volta a ser espaço de descoberta. Ampliamos nosso horizonte em chãos de barro, pedra, asfalto, neve, areia.

Viajar é uma imagem, um momento intenso, um fotograma de um filme parado.
As imagens na viagem são quase quadros vivos que queremos capturar e levar conosco.

As imagens são uma forma de viajar. Fotografar é organizar coisas e formas no espaço. Capturar um momento fluido que talvez nunca mais se repita. É estar atento, compor, prestar atenção nos detalhes. Cor, luz, forma, movimento, tudo em volta. 

Fotografar e viajar são viagens diferentes na mesma viagem.
O tempo de fotografar suga um pouco do nosso tempo, da chance de viver mais plena e intensamente um certo momento.

Mas depois que tudo passa, retornamos por estas mesmas imagens e multiplicamos a sensação de recriar e reconhecer aquele instante, de forma ainda mais intensa e clara. É uma passagem em aberto para voltar e entender melhor o que tivemos naqueles momentos intensos.

Repetir o disco, a música, até cansar de ver e rever, de ouvir e sentir.
Viajar é degustar a viagem que já foi.

Viajar é voltar.
Viajar é retornar porque em algum momento sentiremos falta de casa, de nossas coisas, de nosso canto.
Viajar é ter também a sensação boa do caminho de volta, do retorno.

Viajar é também saber chegar, desfazer as malas, se acomodar no seu canto e no seu próprio silêncio.


Postagens mais visitadas deste blog

As Pequenas Grandes Qualidades do Twitter

Tudo tem sua forma e tamanho e proporção, conforme o ângulo, o olhar e o ponto de vista. Vejo o  twitter como algo efêmero e surpreendente. Sempre gostei dele por ser pequeno e grande. Por ser rápido, e na maioria das vezes,  sincero. E mesmo nos seus limites de 140 caracteres, dá e sobra para expressar sentimentos de todos os tamanhos. Ele pode ser tipo um fogo de artifício no meio da noite.  Pode ser também um suspiro após um longo vazio ou tristeza. Pode ser como uma lágrima brotando de repente no canto do olho . Ou uma risada solta, do nada, espontânea.  Pode ser também um grande eco, quando é instantaneamente repetido e retuitado por centenas ou milhares e pessoas. Nem sempre pela mesma razão ou causa. Às vezes se fala besteira mas faz parte. Mas quem diz assina e não pode voltar atrás. Ele é sempre mobilizador e provocativo, viral, barulhento. Como se alguém dissesse naquele momento exatamente o que a gente gostaria de dizer. O Twitter acre

NARCISO E OS ESPELHOS SOCIAIS

Diz a lenda que Narciso era um jovem muito belo mas que não se sentia atraído por ninguém. Um dia ao debruçar-se sobre o lago apaixonou-se pela própria imagem. Não conseguiu mais parar de olhar seu reflexo e acabou morrendo assim. Em tempos de mídias sociais multiplicamos nossa imagem em sofisticados espelhos. Nossas fotos  povoam o facebook e instagram, nossos comentários e opiniões espalham-se pelo twitter e outros programas de mensagem instantâneas. Nossos diários ocupam blogs, qualquer vídeo pessoal pode chegar ao youtube ou vimeo e alcançar milhares ou milhões de pessoas. Já compartilhamos álbuns e imagens pessoais mais na web do que na vida real. Como se nos dividíssemos em múltiplas personalidades. O que sobra da identidade original de alguém que a torna pública e cuja vida digital ultrapassa a real? Quem domina o verdadeiro alter ego? Como concorrer com avatares de centenas ou milhares de amigos e relacionamentos que não param de crescer e multiplicar? Corremos o r

Voltando às origens

Nos últimos anos temos visto grandes empresas sumirem do mapa, algumas com décadas de existências ou centenárias, assim como profissões que se extinguem ou então passam por mudanças radicais.  Isso leva a uma grande questão que vale para empresas e profissionais, no que se refere à identidade, valores e proposta de vida. As empresas tem algo a ver com as pessoas e vice-e-versa. Lá no fundo de nós existe uma semente inicial, que é ao mesmo tempo nossa verdade e o motor que nos impulsiona todos os dias. Mas em alguns momentos nos perdemos desta referência. Neste processo podemos simplesmente sair da estrada e demorar para retomar o caminho.  Quando os tempos são acelerados ou após muitas mudanças de curso isto talvez fique ainda mais complicado. O banco do qual sou cliente já mudou de marca três  vezes nos últimos anos e continua no mesmo lugar. Alguns dos funcionários ou gerentes ainda conheço.  Não posso deixar de imaginar e tentar entender em tempos como