Imagine um alienígena criando uma cópia perfeita sua e tomando seu lugar. Esta ideia surgiu em um livro e gerou um filme chamado Invasion of the Body Snatchers / Invasores de Corpos, que já teve três versões nos últimos 50 anos.
Na história uma espécie de outro planeta em forma de planta domina silenciosamente a Terra. Enquanto as pessoas dormem o alienígena se conecta aos corpos inertes, gera uma forma idêntica e no dia seguinte assume sua identidade.
Na vida real parece que vivemos algo parecido: estamos sendo virtualizados e invadidos pela tecnologia.
No toque dos dedos, nos olhos, reconhecimento de voz, atendentes virtuais, na correção de texto, no controle de nossas agendas. Tudo passa a ser digital, memória, expressões, relacionamentos.
Um smartphone já assume quase tudo por nós; câmeras, agendas, contatos, listas, alarmes, dicionários, mapas, fora dezenas de aplicativos que requisitam cada vez mais nossa atenção.
Resolvemos cada vez mais as coisas on line e menos ao vivo. Menos como pessoas e mais como autômatos multitarefas.
A quantidade de informações pessoais e dados que guardamos em chips, hards e nuvens, já faz cada vez mais parte mesmo de um outro mundo.
Tudo isso está nos dividindo aos poucos. Estamos aumentando nossa sombra digital que parece ir formando uma identidade própria.
Não é apenas questão de máquinas tomando o poder, parece que deixamos cada vez mais o controle de mais coisas fora do alcance de nossas mãos.
No filme citado – Invasores de Corpos - ninguém repara na mudança, as cópias são perfeitas e tudo parece normal, mas cada vez mais as pessoas são outras, menos reais.
A contaminação dos alienígenas ocorre em massa e é difícil de evitar. Os personagens principais sabem que para reagir não podem dormir senão serão clonados.
Numa web que invade e se apodera cada vez de mais nosso tempo/espaço/corpo podemos estar assistindo ao início de uma batalha entre um mundo virtual e real.
No meio desta avalanche de informações, distrações, imagens, lixos, spam, publicidade e todas as possibilidades de conhecimento e aprendizado, se não abrirmos os olhos o quanto antes, perderemos a razão de ser e o objetivo principal de estarmos por aqui, humanamente falando.
imagem: Corte do cartaz da versão do filme mais conhecida, de 1982, com Donald Sutherland no papel principal.