De um teclado, do laptop, ipod ou celular, você está digitando solitariamente.
Você não tem ideia de quantas pessoas vão ler o seu texto. Ao contrário de colunistas de jornais e revistas, jornalistas ou escritores conhecidos, você não tem garantido um número grande de leitores.
Como muitos outros, ainda depende de uma boa repercussão para se espalhar nas mídias sociais e ser bem lido, para aumentar ou manter o seu alcance de audiência comum.
Independente do que você se propôs a escrever, é como se entrasse numa espécie de ringue, e em cada palavra, frase e parágrafo tivesse que brigar por seu público.
É até o caso de se sentir meio que um estranho subindo num palco e tentando chamar a atenção de alguém ou dizer alguma coisa de valor.
Você tem que ser sincero e direto, envolvente e original, arriscar, encarar o vazio.
Como se lutasse contra um adversário invisível de quem você não pode prever os movimentos e as reações, e cegamente poder tomar socos e pancadas nem sabe de onde.
É também lutar com você mesmo, pra criticar, cortar, reescrever, e jogar fora se for o caso.
Não importa se o último texto fez sucesso ou não, a cada post ou texto publicado recomeça a briga pelo direito de divulgar o que você escreveu, ser lido e entendido.
A web não mente. Você vai saber tudo pelas estatísticas, retuitadas, mensagens e comentários recebidos.
Se não estiver nos melhores dias ou grandes inspirações, vai enfrentar apenas um silêncio que dói como gelo sobre a pele, friamente.
Às vezes vai bater aquela crise, porque estou tentando neste exato momento escrever uma coisa que nem sei quem vai ler?
Mas nestas terras de criações, sonho e delírios não há espelho nem respostas fáceis. É sua cabeça encontrando mais uma forma de tecer angústias e questionamentos sobre si mesmo.
Então, você vai poder olhar para trás e pensar em todos os textos que escreveu. Ou relembrar a angústia daqueles momentos que não teve ideias ou temas, e de tudo aquilo que também não foi escrito.
Mas lá no fundo você não desiste. É uma coisa meio suicida e instintiva, que vem lá do fundo de sua alma.
Você se sente largado em um imenso deserto.
Mas não há nada igual nem areia quente ou calor absurdo que aplaquem esta procura, que tirem você desta praia.
As boas palavras e ideias serão sempre como água depois de muito esforço e de uma enorme sede.
Vale a pena dizer algo e escrever, sempre.
Mesmo sem saber quem ou quantos vão poder ler, ouvir e entender.