Conta a Lenda que Fausto vendeu alma ao diabo para permanecer jovem e desfrutar a vida, na história imortalizada por Goethe em peça de teatro*. Nos tempos atuais, vendemos nossos minutos e atenção para ganhar descontos e produtos exclusivos. A publicidade vive sua crise de identidade querendo manter seu status enquanto que acabamos vendendo “pedaços” de nossa alma.
Querem um exemplo? Há uns três meses fiz um teste para pesquisar o mercado de compras coletivas: efetuei o cadastro com um e-mail alternativo nos principais sites deste setor. Não fiz até hoje compra nenhuma mas continuo recebendo pelo menos 2 e-mails diários de cada uma destas empresas.
Antes spam era lixo eletrônico, agora entramos na era do “spam consensual “. Vale a pena para os dois – produtor e consumidor? O que se cria de novo e útil com isso?
Enquanto pensamos, a caixa de e-mails vai se enchendo e nós apenas viramos um número porque este sistema só se sustenta na casa dos milhões, sem personalização. Isso não é “cauda longa”, é rabo preso!
Ouro exemplo: Pago assinatura de tv a cabo para não ver propaganda de tv aberta. E o que acontece? Em quase todos os canais exclusivos, para cerca de 2/3 de conteúdo engulo 1/3 de auto-propaganda, obsessiva e burra. Isso fora a repetição exaustiva de conteúdo, seriados e filmes, sem renovação.
Sou formado em comunicação e publicitário, então posso falar: Cadê a criatividade para mudar essa encheção de linguiça? A internet nos mostra diariamente soluções inovadoras e menos intrusivas.
Por trás de tudo isso existem pessoas, e quando o rebanho muda a direção, ninguém segura a manada. De uma hora para outra os grandes da web podem cair em um buraco vazio. É melhor que eles respeitem a privacidade e também façam sua parte, colaborando para consertar um mundo tão distorcido, em questões humanas, ecológicas, políticas e religiosas.
Profissionais da mídia, publicitários, agências, mídias, veículos de comunicação, políticos, empresas, instituições, REIVENTEM-SE enquanto ainda há tempo. Precisamos de uma comunicação humana e participativa.
E quanto a nós consumidores? E nossa liberdade? Vamos pra Rede sim, precisamos nos unir virtualmente, como força coletiva, mas não pra ser apanhados como peixes e objeto de consumo. A internet tem que ser nossa, de mão em mão, coletivo de grupos e ideias.
Na ficção ou na vida real, o fato é que nossos sonhos e nossa alma não tem preço. Quer parar de engolir Spam? A decisão é sua, na web e na vida real.
@robertotostes
publicado também na PontoMkt