Pular para o conteúdo principal

O futuro da escrita e dos escritores


Com a digitalização de textos, livros e conhecimentos, e a mudança de meios e instrumentos  para blogueiros, escritores e autores em geral, o que podemos esperar para a leitura e o ato de escrever, no futuro?

Músico, cientista e escritor,  Jaron Lanier, autor do livro You are not a gadget, tem uma visão bem particular da questão.

Para ele, o mais importante  não é se o texto em prosa longa e/ou o romance irão sobreviver,  e se a literatura será pior ou melhor. O  ponto fundamental para Jaron,  tem a ver com o poder e liberdade de expressão individual.

Ele critica a euforia sobre a Web 2.0 e seus conceitos de  “autoria coletiva”, afirmando que o resultado  pode ser uma mistura de conteúdo ralo, sem qualidade e sem ideologia.

Se o futuro  trouxer  uma fórmula em que escritores não serão mais pagos pelo que escrevem, então haverá um problema em relação à renovação de idéias.  E este processo é fundamental para qualquer democracia.
Nesta  futura era digital,  o destino da autoria literária ou artística ficará ligado aos meios de sobrevivência de um artista individual. Por isso Jaron se preocupa com a possibilidade de um artista/criador poder viver de seu trabalho criativo, produzindo conteúdo em vários formatos.

No seu livro ele diz estar atento ao futuro do negócio do livro. Para Jaron,  há esperança que a edição de livros continue lucrativa na realidade digital, mais isso vai depender de muitos fatores.
Questionando os modelos de negócios  editoriais atuais,  ele afirma:

“Admiro empresas como Apple e Amazon, mas em termos de  marketing e design, o que elas estão fazendo não é um plano a longo prazo para  todos. É como um  jardim cercado que não pode durar para sempre. Não é sustentável. Tem que surgir alguma coisa mais aberta  e acessível para todo mundo. ”

Apesar de ter esperança neste “mercado universal”,  Lanier mostra grande preocupação com os limites da integridade do trabalho do autor. Ele diz que é  essencial que se continue a respeitar o ponto de vista de cada artista, escritor ou criador.
O mercado precisa tornar viável economicamente esta convivência de diferenças e originalidades, com  as pessoas podendo receber o que merecem por seu trabalho.

Jaron afirma que esta é melhor forma de garantir uma sociedade civil forte e construir uma era digital criativa e realmente inovadora.
@robertotostes

Postagens mais visitadas deste blog

As Pequenas Grandes Qualidades do Twitter

Tudo tem sua forma e tamanho e proporção, conforme o ângulo, o olhar e o ponto de vista. Vejo o  twitter como algo efêmero e surpreendente. Sempre gostei dele por ser pequeno e grande. Por ser rápido, e na maioria das vezes,  sincero. E mesmo nos seus limites de 140 caracteres, dá e sobra para expressar sentimentos de todos os tamanhos. Ele pode ser tipo um fogo de artifício no meio da noite.  Pode ser também um suspiro após um longo vazio ou tristeza. Pode ser como uma lágrima brotando de repente no canto do olho . Ou uma risada solta, do nada, espontânea.  Pode ser também um grande eco, quando é instantaneamente repetido e retuitado por centenas ou milhares e pessoas. Nem sempre pela mesma razão ou causa. Às vezes se fala besteira mas faz parte. Mas quem diz assina e não pode voltar atrás. Ele é sempre mobilizador e provocativo, viral, barulhento. Como se alguém dissesse naquele momento exatamente o que a gente gostaria de dizer. O Twitter acre

NARCISO E OS ESPELHOS SOCIAIS

Diz a lenda que Narciso era um jovem muito belo mas que não se sentia atraído por ninguém. Um dia ao debruçar-se sobre o lago apaixonou-se pela própria imagem. Não conseguiu mais parar de olhar seu reflexo e acabou morrendo assim. Em tempos de mídias sociais multiplicamos nossa imagem em sofisticados espelhos. Nossas fotos  povoam o facebook e instagram, nossos comentários e opiniões espalham-se pelo twitter e outros programas de mensagem instantâneas. Nossos diários ocupam blogs, qualquer vídeo pessoal pode chegar ao youtube ou vimeo e alcançar milhares ou milhões de pessoas. Já compartilhamos álbuns e imagens pessoais mais na web do que na vida real. Como se nos dividíssemos em múltiplas personalidades. O que sobra da identidade original de alguém que a torna pública e cuja vida digital ultrapassa a real? Quem domina o verdadeiro alter ego? Como concorrer com avatares de centenas ou milhares de amigos e relacionamentos que não param de crescer e multiplicar? Corremos o r

Voltando às origens

Nos últimos anos temos visto grandes empresas sumirem do mapa, algumas com décadas de existências ou centenárias, assim como profissões que se extinguem ou então passam por mudanças radicais.  Isso leva a uma grande questão que vale para empresas e profissionais, no que se refere à identidade, valores e proposta de vida. As empresas tem algo a ver com as pessoas e vice-e-versa. Lá no fundo de nós existe uma semente inicial, que é ao mesmo tempo nossa verdade e o motor que nos impulsiona todos os dias. Mas em alguns momentos nos perdemos desta referência. Neste processo podemos simplesmente sair da estrada e demorar para retomar o caminho.  Quando os tempos são acelerados ou após muitas mudanças de curso isto talvez fique ainda mais complicado. O banco do qual sou cliente já mudou de marca três  vezes nos últimos anos e continua no mesmo lugar. Alguns dos funcionários ou gerentes ainda conheço.  Não posso deixar de imaginar e tentar entender em tempos como